Dia do Professor: “Falar de educação brasileira é ver diversos ‘Brasis'”
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No Dia do Professor, homenageamos esses profissionais que têm ainda mais desafios com a pandemia
O Dia do Professor, celebrado nesta quinta (15), deste ano é bem diferente dos anteriores! Com a pandemia, coube aos nossos mestres se reeinventar.
Desafio grande para quem já tem uma missão dificílima: ensinar brasileiros e brasileiras de personalidades tão diferentes. E, para dificultar ainda mais, muitas vezes essa missão inclui vários obstáculos.
Convidamos a professora Cynthia Engelmann a nos contar um pouco mais dessa rotina tão desafiadora – e, ao mesmo tempo, tão nobre! Confira:
“A vida de professor engole a pessoal”
“Eu sou a Cynthia e, há 10 anos, sou professora de Língua Portuguesa. Desde o início da minha carreira, trabalho em escola pública. Hoje, na rede municipal de Itatiba, interior de São Paulo, onde moro.
Ser professor envolve muitos desafios! É até difícil elencar o maior, porque são vários, com diferentes graus de importância entre professor. Varia de reconhecimento, em forma de remuneração, a coisas do dia a dia.
Um dos maiores desafios é conciliar atividades pessoais com a rotina profissional. Já que temos uma rotina muito intensa, deixamos a vida pessoal um pouco de lado. A vida de professor acaba engolindo o lado pessoal.
“Cada aluno é um ser único”
Outro desafio, eu diria, é com relação aos diferentes perfis! Os alunos se distinguem, existe muita diversidade, e o professor tem que calibrar o olhar para entender a realidade de cada um.
Cada aluno é um ser único e o professor tem que ter a competência de enxergar quem é aquele aluno, do que aquele aluno precisa.
Além disso, a gente precisa identificar e consertar as dificuldades do aluno e, ao mesmo tempo, colocá-lo dentro da base curricular nacional. Essa a magia e, ao mesmo tempo, o mistério de ser professor. Vai por tentativa e acerto, tentativa e erro e assim por diante. O professor acaba tendo que ser polivalente para conseguir resultados positivos.
Outro desafio é com relação ao uso do celular. Quando tínhamos aulas presenciais, era uma briga regular o uso e tentar fazer com que fosse apenas pedagógico.
“Hoje, o professor vive um paradoxo”
Mas, agora, durante a pandemia, a gente vive um paradoxo. Aquilo que antes era “repudiado”, evitado até por lei, é hoje a ferramenta de aproximação com os alunos. O professor, então, tem que aprender a usar esses recursos e trazer o aluno para perto.
Aí a surpresa de muitos: alguns alunos não têm internet ou, dependendo das condições, não têm ferramentas tecnológicas. Leciono numa escola que têm alunos mais abastados e a maioria tem celular e internet, de modo que consegue acessar as aulas.
No entanto, ainda assim, uma parte dos meus alunos não tem internet à disposição. Por isso falo do paradoxo, antes precisávamos regular e agora precisamos lutar para que eles tenham essa ferramenta à mão.
“Falar de educação brasileira é ver diversos ‘Brasis'”
Mesmo assim, somos privilegiados. Temos o aula app, um aplicativo disponibilizado só para a rede municipal de Itatiba. Esse recurso nos permite continuar o trabalho, de modo a dar suporte e base para as aulas remotas.
Porém, aí penso em termos de Brasil, e sei que essa não é realidade para todos os professores.
Por isso, digo, falar de educação no Brasil não é uma tarefa fácil. Se comparamos a escala nacional brasileira com a japonesa, por exemplo, perdemos de 10 a 0. Mas se comparo o Brasil entre municípios do país, vemos que temos vários “Brasis” diferentes. Essa é a realidade que sinto.
“Com a pandemia, o professor descobriu um outro aluno”
E, por fim, recordo de mais um desafio: a aproximação com os alunos. Quando conseguimos esse elo, é muito bom. É positivo e enriquecedor, para nós e para eles. Agora, com a pandemia, o obstáculo é físico. A distância pode ser uma dificuldade.
Ou não: ela pode ser um elemento muito bom! Isso porque, agora, acabamos descobrindo um outro aluno, monitorado e orientado pelos responsáveis.
Agora que não estamos mais juntos na sala de aula, ele está no lar dele. E essa aproximação é diferente, com um viés de representação maior dos pais.
Devo dizer que é muito bacana, porque acho que é enriquecedor
- para nós, porque vemos como o aluno se comporta com os pais presentes;
- para os pais, que vêem de perto como é a educação do filho na escola e conseguem visualizar o trabalho do professor; e
- para a criança, que tem agora mais contato com sua família.
O desafio é grande? Enorme! Mas sigo firme e forte. Porque sei que é o que amo fazer”.
À Cynthia e a todos os professores do país, desejamos um feliz Dia do Professor! E vocês, leitores, aproveitem os comentários e se juntem a nós nessa homenagem!
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