Como funciona o consórcio de veículos?
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O consórcio de veículos permite a aquisição de automóveis novos e usados e conta com parcelamento de médio e longo prazo.
Em contínua ascensão, o consórcio registrou fechou agosto de 2023 com quase 10 milhões de consorciados ativos, aumento de 10,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Para a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), os principais motivos para este crescimento são a confiança e credibilidade que a modalidade tem alcançado entre os consumidores.
O consórcio, vale lembrar, conta com diversos segmentos, que permitem ao participante adquirir bens, como imóveis e automóveis, e contratar serviços, que vão desde estética, saúde, festas e educação. Neste texto, explicamos como funciona o consórcio de veículos.
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Como funciona o consórcio de veículos?
O consórcio é uma modalidade de crédito que funciona como um autofinanciamento. Isso porque, uma administradora é responsável por reunir consumidores com o intuito de adquirir um automóvel, então, é formado um grupo de consórcio de veículos, em que cada participante efetua pagamentos mensais, de acordo com o estabelecido em contrato. O dinheiro é depositado no fundo comum e utilizado para a contemplação da carta de crédito, que costuma acontecer mensalmente.
A carta de crédito, por sua vez, nada mais é do que um documento com a quantia que o participante tem disponível para adquirir o veículo desejado. Para ser contemplado, é possível aguardar ser sorteado ou ofertar lances durante a assembleia. Se o lance oferecido for aceito, é só pagar pelo valor em questão e a carta será liberada.
Quantos participantes têm no grupo de consórcio de veículos?
Depende, cada grupo de consórcio contará com uma quantidade diferente de participantes, que é definida a partir do tempo de duração do contrato. Sendo assim, é estabelecido que o número máximo de consorciados em um grupo deve ser equivalente ao dobro de meses de vigência. Portanto, se um consórcio de veículos tem duração de 60 meses, isso é, o parcelamento é em 60 vezes, o grupo poderá ter até 120 pessoas participando. Com isso, quanto maior ou menor for o tempo de duração do consórcio, proporcionalmente é ampliada ou reduzida a quantidade de consorciados.
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Quais veículos podem ser comprados no consórcio?
O consórcio de veículos possibilita que diversos tipos de automóveis sejam adquiridos com a carta de crédito, como:
- motocicletas;
- carros convencionais;
- vans;
- ônibus;
- caminhões;
- tratores.
Entretanto, cabe ao consumidor aderir ao consórcio que corresponda ao tipo de veículo que pretende comprar. Desse modo, quem deseja uma moto, deve optar pelo consórcio de motocicleta, enquanto o consórcio de veículos leves é direcionado para automóveis comuns. Já o interessado em investir em um caminhão, por exemplo, precisa adquirir uma cota do consórcio de veículos pesados.
É possível fazer consórcio de carros usados?
Sim, há diversas administradoras que disponibilizam a opção de consórcio para aquisição de carros usados. O processo segue a mesma lógica do segmento para compra de carro novo, é importante, no entanto, que o consumidor observe atentamente as vantagens e desvantagens dessa opção, e a compare com suas demandas e realidade financeira.
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O consórcio de veículos tem juros?
Não, nenhum segmento de consórcio conta com a incidência de juros. Contudo, vale destacar que há a taxa de administração, um percentual que varia entre 10% e 25% sobre o valor da carta de crédito, ou seja, sobre a quantia solicitada. Essa cobrança funciona como remuneração à administradora responsável pelo consórcio, e é diluída nas parcelas ao longo do contrato.
Na prática, suponhamos que a carta de crédito de um consumidor é de R$100 mil, com taxa de administração de 15% e prazo de pagamento de 60 meses. Para identificar quanto será o valor total pago de taxa, é só fazer o seguinte cálculo:
15% de R$100 mil = R$15 mil
R$15 mil / 60 meses = R$250
Isso significa que a taxa de administração, neste caso, será de R$250 ao mês, acrescida à prestação referente ao crédito solicitado e outros custos que costumam estar envolvidos, são eles:
Seguro: contratado com o intuito de garantir a contemplação da carta de crédito mensal, ainda que haja desistência ou morte de algum consorciado.
Fundo de reserva: usado para garantir o funcionamento do grupo, se houver cobertura de despesas relacionadas aos integrantes e possíveis inadimplências.
Todos os valores mencionados devem, obrigatoriamente, constar em contrato e nos boletos emitidos para pagamento mensal, ambos de maneira detalhada. Além disso, se o fundo de reserva não for acionado ao longo da vigência do grupo, a quantia arrecadada deve ser devolvidas aos consorciados, de forma proporcional ao pago por cada um.
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Quantas pessoas são contempladas no consórcio de veículos por mês?
De acordo com o Banco Central do Brasil, todo consórcio deve contemplar, pelo menos, um participante por mês. Entretanto, se o fundo comum possuir recursos suficientes, a administradora pode sortear mais de um cotista ou permitir a contemplação via lance de mais de uma pessoa.
Como conseguir a carta de crédito mais rápido?
De modo geral, como já mencionado, são realizados sorteios mensais pela administradora responsável, para contemplar um ou mais consorciados. Contudo, se o consumidor possuir pressa para obter a carta de crédito, tem a oportunidade de ofertar lances, que se trata da antecipação parcial ou total das prestações.
Há administradoras que liberam o lance fixo, que deve seguir percentuais pré-estabelecidos, como pagamento de 25% ou 50% do saldo devedor ou da carta de crédito, e há as que liberam o lance livre, em que quem oferecer o maior valor, obtém a carta.
O que acontece se eu der o lance e não for contemplado?
Se a oferta de lance não for aceita, porque outro consorciado ofereceu um valor ainda maior, nada acontecerá. O consorciado não precisa pagar por nenhuma quantia, pois só é preciso arcar com a oferta se o lance for aceito. Além disso, nos meses seguintes o consumidor pode participar da assembleia normalmente e ofertar novos lances, se quiser.
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Como fazer um consórcio de veículos?
O consórcio de veículos conta com algumas etapas que devem ser cumpridas, que vão desde a aquisição da cota, até o uso da carta de crédito contemplada. A seguir, explicamos passo a passo.
Adesão ao consórcio
Para aderir ao consórcio, é necessário pesquisar sobre as administradoras que oferecem o segmento desejado. Para isso, é importante verificar se a empresa está autorizada a atuar e consultar se possui reclamações registradas em redes sociais e site de atendimento ao consumidor, como o Procon.
Encontrada a melhor opção, o consumidor deve optar pela compra de uma cota em um grupo em formação, ou seja, que ainda está reunindo interessados, ou pela aquisição de uma cota em um grupo já em andamento, portanto, que já realizou assembleias e contemplações. Essa situação ocorre quando um participante desiste, e a pessoa interessada a substitui no grupo.
Seja qual for o contexto, é essencial ler atentamente o contrato de adesão ao consórcio de veículos e, se restar dúvidas, buscar um profissional para ajudá-lo. Se concordar com todas as cláusulas, basta assinar para passar a fazer parte do grupo.
Pagamento das mensalidades
Concluída a formalização do contrato, o consorciado deve iniciar o pagamento mensal das prestações, que costuma ser disponibilizada via boleto de forma física e/ou digital. As prestações, conforme já mencionado, são enviadas ao fundo comum, para que sejam efetuadas as contemplações da carta de crédito.
Vale ressaltar que para ter o nome incluído nos sorteios ou ofertar lances, o consorciado deve estar com o pagamento em dia. Caso contrário, poderá participar da assembleia, mas não concorrerá à carta de crédito.
Participação em assembleias
As assembleias são organizadas pela administradora responsável pelo consórcio de veículos, e é neste momento em que são feitos os sorteios e os participantes têm a possibilidade de oferecer lances, para antecipar o acesso ao dinheiro. Importante dizer que o sorteio é obrigatório, mas a oferta de lances é permitida somente se o grupo possuir recursos suficientes para honrar com a carta, se não for o caso, não serão possíveis as ofertas.
Pagamento e apresentação de garantia
Quando a contemplação acontecer através da oferta de lance aceita, o participante terá um prazo, que tende a ser de até cinco dias úteis, para pagar o boleto com valor correspondente à quantia oferecida em assembleia. Se o pagamento quitar o saldo devedor, isso é, não restar nenhuma parcela a ser paga, o consumidor deixa de ter obrigações junto à administradora. O mesmo vale quando a contemplação é via sorteio no final do contrato, em que as prestações já foram quitadas.
No entanto, se ainda restarem parcelas a serem pagas, seja na contemplação via sorteio ou lance, é comum que a administradora exija a apresentação de uma garantia, que pode ser o próprio veículo adquirido ou outros tipos de bens. A operação ocorre mediante a alienação fiduciária, sendo assim, se o consorciado deixar de pagar a prestação, a empresa pode tomar o bem em questão e leiloá-lo, a fim de quitar a dívida.
Entrega de documentação
Outra etapa importante após a contemplação, e que é essencial para liberação do dinheiro, é a apresentação da documentação. Então, são solicitados:
- documento de identificação com foto, como RG e CNH;
- CPF;
- comprovante de residência;
- comprovante de renda;
- orçamento feito pela concessionária que venderá o veículo.
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Análise de crédito
Ao entregar a documentação, a administradora fará a análise de crédito, que visa identificar o histórico de consumo e pagamento do consorciado e, principalmente, verificar se o mesmo possui restrição em seu CPF. Isso porque, se o contemplado estiver com o nome sujo, será impedido de acessar a carta de crédito, que ficará rendendo em um fundo de investimento, até que o participante regularize a situação do CPF. Por outro lado, se não for constatada nenhuma irregularidade, a carta será liberada.
A análise de crédito pode demorar de 2 a 4 dias após o recebimento dos documentos solicitados.
Compra do veículo
Por fim, a última etapa é a liberação da carta de crédito e compra do veículo. O dinheiro, é importante destacar, não é depositado para o consorciado, porque a administradora é quem efetuará o pagamento diretamente à empresa ou pessoa física que vende o bem. Além disso, há situações em que a carta de crédito conta com acréscimo de algum valor, devido ao Índice de Reajuste.
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Quanto tempo demora para liberar a carta de crédito?
Depende, após a contemplação e análise de crédito, a carta de crédito pode ser liberada entre 7 e 60 dias corridos, de acordo com a política da administradora, sendo 60 o prazo máximo. Inclusive, depois que liberada, é comum que haja um prazo para utilização do valor, que varia entre 90 e 180 dias. Todas essas informações devem constar no contrato e cabe ao consumidor verificar todas as regras.
Quem está negativado, pode fazer consórcio de veículos?
Não há nenhuma regra que restrinja o acesso de consumidores negativados à aquisição de cotas de consórcio, logo, quem está com o nome sujo pode realizar a operação normalmente. No entanto, como já explicado, se quando for contemplado, o participante ainda estiver negativado, a administradora provavelmente não concederá a carta de crédito. Com isso, o consorciado deverá regularizar a situação do CPF para, só depois, ter acesso ao recurso e efetuar a compra do veículo.
Fui contemplado, o que acontece se não pagar as parcelas?
Se o participante não pagar as parcelas do consórcio, mas já tiver sido contemplado, poderá perder o veículo adquirido ou outro bem usado como garantia, já que é comum que haja o contrato de alienação fiduciária, em que algo é dado como garantia de que a dívida será quitada.
Se conseguir regularizar o pagamento das prestações em tempo hábil, poderá recorrer da medida de posse do veículo. O atraso nas prestações terá incidência de juros de 1% ao mês, junto à multa que pode chegar a 2% sobre cada parcela atrasada.
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Vale mais a pena comprar carro por consórcio ou financiamento?
Depende, o consórcio de veículos e o financiamento são operações com o mesmo objetivo, contudo, há diferenças no prazo para aquisição e nas condições de pagamento. Dessa forma, enquanto no financiamento é possível comprar o veículo logo após a formalização do contrato, no consórcio o consumidor deve aguardar ser sorteado ou possuir recursos financeiros para ofertar um lance.
Outra diferença está nas condições de pagamento: o financiamento possui a incidência de juros mensais sobre o valor solicitado, além disso, o cliente deve pagar um percentual de entrada, que varia entre 15% e 30% do preço do veículo. Já no consórcio não há cobrança de juros e a carta de crédito cobre até 100% da quantia necessária para a compra do automóvel.
Desse modo, o consumidor deve avaliar as principais características de ambas as modalidades e considerar a emergência na obtenção do bem e os recursos disponíveis.
Quais as vantagens e desvantagens do consórcio de veículos?
Como já explicado no tópico anterior, o consórcio possui fatores positivos e negativos, por isso, é essencial que o interessado observe todas as regras e avalie se a operação condiz com a sua realidade financeira e as demandas.
Não exige entrada
Ao adquirir uma cota de consórcio de veículos, o consumidor não precisa pagar a entrada, como ocorre em modalidades como o financiamento de carros. Dessa forma, é possível conseguir crédito de até 100% do preço do bem desejado, com pagamento em médio ou longo prazo. A não exigência de oferecer entrada facilita o acesso ao crédito, já que diversos consumidores não possuem recursos disponíveis no momento da contratação.
Não há incidência de juros
Como citado, não há a incidência de juros sobre o valor da carta de crédito, e isso acontece porque a administradora não “empresta” a quantia, como ocorre no financiamento. Na prática, os próprios consorciados constituem o fundo comum através das prestações mensais, que será utilizado para conceder a carta de crédito, não à toa a modalidade é considerada um tipo de autofinanciamento.
É importante dizer, contudo, que existe a taxa de administração, um percentual que é embutido nas parcelas, a fim de remunerar a prestação de serviços da administradora responsável.
Bloqueio da carta se estiver negativado
Conforme dito anteriormente, se ao ser contemplado, o consorciado estiver negativado, isso é, com o nome sujo, a administradora bloqueará a carta de crédito, que ficará rendendo em um fundo de investimento. O consumidor, por sua vez, somente a acessará após regularizar a situação de seu CPF.
O consumidor não perde o poder de compra
Ao assinar o contrato de consórcio, é estabelecido um valor para a carta de crédito, de acordo com o veículo desejado pelo consorciado. Porém, é sabido que o preço de bens e serviços sofre oscilações e, ao ser contemplado, o automóvel poderá custar mais caro.
Então, a fim evitar a perda do poder de compra, é feito o reajuste periódico da carta de crédito, através do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Assim, é garantido ao consumidor a compra do item desejado, ainda que o valor deste esteja mais alto.
A dívida pode aumentar
Devido ao índice de reajuste, que tem o objetivo de manter o poder de compra ao longo da vigência do contrato, as prestações do consórcio podem ficar mais caras ou se estender por mais tempo, impactando diretamente no valor final da dívida, que ficará mais cara. Em cenários de alta inflação, esse aspecto pode ser visto como uma desvantagem da modalidade.
Prazo de pagamento estendido
Quanto maior o valor solicitado, mais longo tende a ser o prazo de pagamento, e essa é uma das principais vantagens da modalidade, que permite ao consumidor parcelar de forma que não impacte negativamente no orçamento. Junto a isso, há diversas opções de planos, para que o interessado escolha o que melhor se encaixa em seu perfil.
Demora para aquisição do veículo
Para quem não dispõe de dinheiro para ofertar lances, a compra do veículo pode demorar mais tempo do que o desejado, já que o consorciado pode ser sorteado apenas no meio ou final do contrato. Dessa maneira, a modalidade é indicada, principalmente, para quem não tem urgência em obter a posse do automóvel e pode esperar pela contemplação
Alienação fiduciária
Se após a contemplação, o consorciado ainda possuir parcelas a serem pagas, o bem pode ser usado como garantia de pagamento, mediante a alienação fiduciária. Logo, se houver inadimplência, a administradora pode tomá-lo.
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Dicas para fazer um consórcio de veículos
A seguir, separamos dicas para quem deseja fazer um consórcio de veículos.
- considere sua realidade financeira e escolha um plano com parcelas que cabem no orçamento;
- pesquise sobre a administradora antes de assinar qualquer documento e verifique se a mesma possui liberação para prestar esse tipo de serviço;
- mantenha o nome limpo durante a vigência do grupo, assim, não há o risco da carta de crédito ser bloqueado após a contemplação;
- mantenha o pagamento sempre em dia, dessa forma, evita-se a perda da cota e a incidência de multa;
- entenda como é feito o reajuste da carta de crédito e todos os encargos que serão diluídos nas parcelas;
- escolha a carta de crédito correta, pois se for inferior à quantia necessária para a compra do veículo, será preciso complementá-la no momento da compra;
- considere se vale mais a pena a compra de carros novos ou usados e consulte a disponibilidade da administradora se optar pela segunda opção.
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